NICOLAU MAQUIAVEL
- NICCOLO MACHIAVELLI

Apesar da fama de seus textos e do adjetivo que se criou – “maquiavélico”-, Nicolau Maquiavel não foi um homem maquiavélico. Nascido em 3 de maio de 1469, em Florença, na Itália, filho de Bernardo Maquiavel e Bartolomea de Nelli, teve na infância, a formação típica de um humanista, com ênfase no estudo das Letras e do Direito, profissão de seu pai, que era advogado. Grande conhecedor de latim e escritor habilidoso, Maquiavel cresceu num ambiente simples, porém culto, no qual pode estudar os grandes autores da Roma antiga.
Nicolau Maquiavel, morreu no dia 21 de junho de 1527, aos 58 anos de idade, na cidade de Florença.

- Nessa síntese, vamos conhecer um pouco do grande Maquiavel
Os adjetivos vinculados aos nomes de pessoas nos informam algo doque fizeram importantes personalidades. Vários aspectos de conotação negativa, fazem referência ao adjetivo Maquiavélico, contribuindo para uma versão para criar uma errônea imagem sobre o pensamento e a figura de Maquiavel. Sua obra mais importante, O Príncipe, analisa a política e o poder, a arte de governar sem derrota dentre outras coisas. Esse homem foi na verdade um dos mais importantes pensadores políticos do Renascimento e da filosofia moderna.
Nicolau Maquiavel é um dos mais destacados pensadores do Renascimento italiano, e os motivos que justificam essa posição não são poucos. Foi chanceller de Florença, com apenas 29 anos de idade, em 1498.
A partir de então foi considerado um dos mais influentes e habilidosos políticos que serviram ao poder dessa cidade, durante o domínio da família Médici.
A REPÚBLICA DE FLORENÇA

Florença possuía um sistema eleitoral inovador para os padrões da época. Candidatos eram escolhidos e se submetiam ao voto da população. Aqueles que obtinham mais de 2/3 dos votos tinham seus nomes colocados numa bolsa para sorteio. Os sortudos então iriam ocupar cargos no governo. Entretanto, nem sempre o sorteado era aceito para tal cargo. Daí entrava o poder dos Médicis para decidir politicamente a vaga.
LOURENÇO DE MÉDICI, O MAGNÍFICO

O PAPA JULIO II

Maquiavel no governo de Lourenço de Médici, esteve em missão diplomática em Roma, na corte do Papa Júlio II, entre agosto e outubro de 1506. O que lhe impressionou na figura do Papa, era o ímpeto belicoso e conquistador de Júlio II. Ou seja, esse Papa declarava guerra e mandava anexar os domínios dos vencidos.
Em O Príncipe, se encontra relatos e o julgamento que fez da postura militar do Papa Júlio II, conhecido como “Terrível”
MUITO ALÉM DE MAQUIAVEL
Vítima constante de interpretações equivocadas de O Príncipe, sua má fama começou logo depois de primeira publicação em 1531. Os manuscritos são de 1513. Tais interpretações deram origem ao termo “Maquiavélico”, adjetivo incorporado ao nosso vocabulário,como sendo àquele que age por má-fé, velhaco, ardiloso, falso, astuto e etc.
A história dessa má fama de Maquiavel é bastante curiosa. Ele escreveu O Príncipe, logo após ser demitido da Chancelaria de Florença em 1512. No dia 10 de dezembro de 1513, ele escreveu uma carta endereçada ao seu amigo Francesco Vertori, onde relata que: “Acabara de escrever um livro sobre os principados e gostaria de presenteá-lo ao novo Papa Leão X”.

Esse Papa era natural de Florença e chamava-se Giovanni de Médici, filho de Lourenço de Médici o Magnífico. Nascido em Florença em 1475 e falecido em Roma em 1521. Aos 13 anos de idade foi nomeado Cardeal e em 1513 foi eleito Papa. Tentou manter boas relações com os Estados potências da época, para conservar sua independência e fortalecer o domínio dos Médici.Governou junto com seu irmão Giulianno. Grande protetor das artes e das letras, foi mecena de humanistas e amante do luxo e da beleza, representando os ideais do Renascimento.
Não se sabe o motivo, mas o Papa Leão X não recebeu o livro de presente. E acabou sendo O Príncipe, dedicado ao poderoso Lourenço de Médici, Príncipe de Florença.
COMO NASCEU O TERMO: “MAQUIAVÉLICO”

A edição manuscrita de O Príncipe, passou a circular entre amigos. Somente 5 anos após a morte de Maquiavel em 1532, foi publicado esta obra que ficou para sempre na história.
Pois bem, com o livro circulando na Europa ao longo dos 3 séculos seguintes, as atenções se voltaram para aspectos inusitados do “Príncipe”. Vejam a que diz alguns trechos do livro:
- O governante deve fazer o mal de uma só vez e o bem deve fazer aos poucos.
- O príncipe deve parecer ser bom, mas não sê-lo de fato.
- Dê poder ao homem, e descobrirá realmente quem ele é.
- Desconfiar dos amigos quelhe bajulam e acreditar nos inimigos que lhe temem.
- A primeira impressão que se tem de um governante e da sua inteligência é dada pelos homens que o cercam.
- É melhor o Príncipe ser temido do que amado.

Então, sentenças como estas que rompem com a tradição do governante bonzinho, podem parecer que o governante deveria ser mais um déspota do que um patriarca da pátria.
Essa falsa imagem, perdura até hoje entre aqueles que ainda não leram com atenção O Príncipe.
Em meados do século XIX e ao longo do século XX, novos estudos mostraram uma outra face do livro, revelando ser ele uma dos principais obras da filosofia política de todos os tempos.
A CORRUPÇÃO SEGUNDO MAQUIAVEL
O pensador italiano Maquiavel, demonstra que a corrupção gera a decadência e a ruína dos Estados.
Estamos vendo diariamente e surpresos as denúncias sobre desvios de conduta de políticos e governantes, de diferentes partidos e correntes ideológicas. Ou seja, a corrupção é uma desgraça que soterra o conceito de bem público, sem distinção partidária, com raras exceções.
Em meio a toda essa enxurrada de suspeitas, o povo tenta entender a tudo isso, fazer comparações e ligações, descobrir quando essa bandalheira começou, e como vai ficar o país daqui pra frente.

No meio popular da sociedade brasileira, há uma máxima que diz: “Entrou na política vai ser corrupto”. Nem tanto. Em tais ocasiões convém retomar os ensinamentos dos filosófos, que explicaram mecanismos que parecem ser da própria natureza do mundo político.
Pois bem, um desses filósofos foi Nicolau Maquiavel. Ele elaborou uma ampla reflexão política, consagrando também um lugar para a corrupção das instituições políticas. Ruína, decadência ou corrupção, esses três termos refletem um mesmo processo de dissolução das estruturas das instituições políticas, o que provavelmente ocorrerá se nada for feito.
A CORRUPÇÃO HISTÓRICA
Para entender esse tema, Maquiavel foi buscar na Velha Roma, especialmente nos DISCURSOS SOBRE A PRIMEIRA DÉCADA DE TITO LÍVIO. Esses discursos, são comentários de Maquiavel sobre o que escreveu o historiador romano Tito Lívio (59 a.C- 17 d.C).
Ele pesquisou o funcionamento da vida política romana, buscando os elementos que sustentaram o esplendor e a grandeza de Roma durante séculos.
O GERME DA CORRUPÇÃO

Depois de compreender a vida política interna romana, Maquiavel chegou a seguinte conclusão: “A corrupção é uma doença que se espalha”. Na vida política, em qualquer instância, haverá o germe da corrupção. A degeneração das coisas ligadas à esfera política é aplicável a todas as partes. Ou seja, no universo político não há nada que seja imune por natureza. Daí,todo cuidado é pouco com a corrupção.
DOENÇA QUE SE ESPALHA
Maquiavel disse que a corrupção é identificada uma doença que recai, primeiramente, sobre alguma parte, nas que fatalmente pode contaminar o corpo todo, se nada houver para dissipá-la. Então, assim como a doença afeta determinado órgão humano, igualmente essa doença que acomete a vida política começa em alguma organizaçãoe, se não for tratada corretamente e pode levar à morte. Na vida pública, isso mesmo leva a ruína do Estado Nacional.
O QUE FAZER CONTRA A CORRUPÇÃO. O REMÉDIO

Diz o filósofo Maquiavel, que contra esse processo degenerativo que parece inevitável, há alguns remédios ou procedimentos que garantam a permanência de uma República.
Dentre as várias coisas que garantam a conservação de um Estado, convém destacar duas:
- A aceitação do conflito como algo salutar na vida política e;
- A existência de Instituições políticas livres.
Conclui-se então que:
- Ele aponta que a existência de disputas entre os grupos políticos, está relacionada à necessidade deles zelarem pela liberdade de manifestação política. Ou seja, a existência livre dos partidos políticos.
- A possibilidade de haver meios para a denúncia, com a acusação e a defesa pública , que possa garantir um julgamento justo.
- Enfim, que tudo isso possa garantir a durabilidade das instituições.
Não é tarefa fácil entender o pensamento político de Maquiavel. O que faz com que não se compreenda Maquiavel, é que ele une o sentimento mais agudo da contingência ou do irracional no ser humano. Ele vê a história, onde há tantas desordens, tantas opressões, tantos imprevistos , injustiças e retrocessos, como algo que necessita de uma força e de um poder controlador.
SOLUÇÕES PARA O BRASIL

Lembre-se, Maquiavel escreveu isso no começo do século XVI – 1513- é claro que hoje muita coisa mudou. Menos a corrupção. Porém, uma coisa é incontestável em Maquiavel, que é a conservação saudável do corpo político. Em outras palavras, o partido político não pode ser uma máquina corrupta. Daí, todo cuidado deve ter o homem quando ingressar nesse corpo político.
Entretanto, as ideias de Maquiavel podem não servir ao Brasil, cuja corrupção parece ser uma doença crônica ou em estágio bastante avançado no seu leito de morte. Nunca é tarde lembrar, que desde o “Descobrimento do Brasil”, esse assunto já é conhecido.
Segundo Maquiavel, a corrupção denota um estágio da vida em putrefação, onde o corpo político vai se corroendo por dentro, até destruir o todo saudável do tecido social.
Assim sendo, as soluções para o Brasil, se encontram no Regime Democrático, no Poder Judiciário, no Ministério Público Independente, nas Instituições Públicas, na Educação em todos os níveis, na sociedade em geral, mas, principalmente, no conceito ético que todos devem ter para a convivência política.
Quer dizer, a Política não é feita para os políticos satisfazerem seus interesses pessoais, mas sim para zelar pela coisa pública.
VAMOS ACABAR COM A CORRUPÇÃO
Nenhum homem sozinho acabará com a corrupção. Não existe herói nacional ou salvador da pátria para extirpar esse mal antigo da política. Quando um político vai a público dizer que vai acabar com a corrupção, ou está fazendo demagogia ou está se aproveitando de certas ocasiões. É melhor desconfiar.

A corrupção só pode ser banida pelo esforço coletivo, ou seja, a sociedade deve se organizar e condenar os corruptos. Entretanto, não apenas se proteger de um político desonesto, mas, também as próprias instituições políticas devem se proteger ao máximo de contaminar-se pela corrupção.
Só venceremos a corrupção quando a sociedade tomar consciência da existência de corruptos e corruptores, produtores da roubalheira da coisa pública.
Porém, a corrupção não é um mal exclusivo de péssimos políticos. Quando, por exemplo, não se dá importância para as pessoas nas relações humanas nos mais simples gestos, como ceder lugar no ônibus, ocupar vaga do idoso e do deficiente no estacionamento, furar a fila, avançar sinal de trânsito, além de outros, são atitudes que compõem o conceito amplo de corrupção.