Como vimos anteriormente, Urano o antigo senhor do mundo, estava derrotado e humilhado. E também capado.
Então, chegou a hora de seus filhos disputarem o poder. Porém, não houve confusão, cada qual tomou seu rumo pelo mundo. Embora fosse o caçula, Kronos era o mais esperto, o mais destacado e o mais temido entre os irmãos. Afinal, ele tinha “capado” seu próprio pai Urano.
Inteligentemente, Kronos não procurou briga com os irmãos, deixou que vivessem vagando por aí. Mas, com relação aos outros irmãos monstros e ciclopes, prendeu todos no inferno, ou seja, no Tártaro, a fim de não criarem problemas no seu governo, apesar dos protestos de sua mãe. Gaia – a Terra.
Junto aos portões do inferno, onde estavam os presos, Kronos deixou como guarda um dragão fêmea, chamada de Campe, que tinha rosto de mulher, rabo de escorpião e escamas de réptil.
Isso sim é que era cadeia de segurança máxima. Presos de alta periculosidade não teriam a mínima chance de fugir.
Ora, com os irmãos longe de tudo ou presos, Kronos reinava tranquilo, sem críticas, sem ninguém para encher o saco, pois não tinha oposição na sua política linha dura. Daí ergueu um palácio na Grécia e passou a administrar o mundo todo. Para completar, casou-se com sua irmã Réia.
A GRAVIDEZ DE RÉIA
Tudo corria bem para ele, até que a gravidez de sua esposa Réia, trouxe a insegurança para Kronos, pois temia que acontecesse com ele, o mesmo destino de Urano. Com o fito de acabar com esse medo, Kronos foi mais brutal do que seu pai Urano. Ao invés de aprisionar os filhos que tinha com Réia, ele passou a devorá-los. Tão logo nascia um filho era engolido.
Dessa maneira, Kronos devorou os 5 primeiros filhos: Héstia, Deméter, Hera, Poseidon e Hades. Diante disso, Réia tomou uma atitude e começou a planejar a queda do selvagem e despótico Kronos, contando com o apoio político de sua mãe – Gaia – a Terra, após engravidar do sexto filho, Zeus.
O NASCIMENTO DE ZEUS
Réia deu a luz a Zeus a noite, escondida no monte Liceu na região da Arcádia, ajudada pela parteira e avó Gaia. Assim que o menino nasceu, a avó pegou o neto e correu para a ilha de Creta, onde o escondeu da sanha criminosa de seu pai Kronos. O menino foi escondido numa gruta e entregue aos cuidados da ninfa Adrastéia.
De forma astuta, Réia enganou Kronos quando entregou-lhe uma pedra enrolada em panos, parecendo ser uma criança envolta em cueiros. Como estava acostumado a devorar os filhos, Kronos não desconfiou do disfarce e engoliu a pedra. Quando percebeu que havia sido enganado ficou furioso e saiu pelo mundo afora procurando o menino, mas não o encontrou.
Então, longe de Kronos o menino foi criado por Adrastéia. Tomava leite de uma cabra chamada de Amaltéia. Assim, Zeus cresceu rápido e logo começou a demonstrar seus poderes divinos. Pois quando Amaltéia morreu o adolescente Zeus fez seu primeiro milagre, colocou a cabra morta no céu, entre as estrelas e a transformou na constelação de Capricórnio. Assim, os nascidos sobre o signo de Capricórnio, tem sua origem na primeira obra de Zeus.
*ZEUS VOLTA AO OLIMPO
Adastréia sempre dizia para Zeus, que um dia ele teria que enfrentar o próprio pai, isso era uma profecia. A deusa da astúcia Métis, como sabia disso, aconselhou o jovem rebelde a não encarar de frente seu pai Kronos. Deveria chegar de mansinho, bem humilde pedindo emprego no palácio. A deusa Métis entregou ao jovem uma poção mágica (veneno) para ser pingada na bebida no momento de lazer do tirano.
Deu certo o plano, Zeus chegou no palácio de Kronos, com cara de coitadinho, pedindo para lavar o carro, capinar o quintal e etc., não despertando nenhuma desconfiança do patrão. O rapaz que pedia emprego, era mais um pedinte que batia à sua porta, assim pensou o chefe. Kronos não desconfiou de nada e empregou o jovem.
Porém, Réia a mãe daquele “desempregado” o reconheceu imediatamente e nada revelou a ninguém. Somente pediu ao marido Kronos, que colocasse o recém contratado na função de copeiro do palácio, exatamente o encarregado de servir a mesa, encher as taças de bebidas e etc.
Dito e feito, numa das festanças do palácio, Zeus entregou ao velho Cronos uma taça envenenada preparada pela deusa Métis, deusa da astúcia. Mal terminou de tomar a bebida, a barriga começou a doer, as tripas começaram a enrolar, as vísceras se contorciam, daí veio uma convulsão violenta, levado Kronos a rolar pelo chão gritando de dor pedindo socorro. Tarde demais, Réia e Zeus a tudo assistiam tranquilos só esperando o resultado.
Em meio a tudo isso, graças a porção mágica do veneno, Kronos começou a vomitar todos os filhos que havia engolido. Todos retornaram ilesos e adultos, como se não tivessem sido engolidos pelo pai. Nisso, Kronos ficou estatelado no chão, sem saber o que fazer, enquanto seus filhos renasciam prontos para se vingarem do pai.
No próximo capítulo: A Guerra dos Titãs e a ascensão de Zeus ao poder.