A Idade Média

Compartilhar:

Dos banquetes luxuosos à miséria fora dos castelos. O cotidiano na Europa dominada pelo Cristianismo na “Era das Trevas”.

Por mil anos, a Europa dividida em feudos, foi controlada pela Igreja e por nobres. Enquanto os camponeses que formavam 90% da população eram analfabetos e trabalhavam 16 horas diárias numa rotina de submissão.

O dia de trabalho de um típico camponês na França, começa às 5h da manhã. O pai e seus dois filhos de 12 e 14 anos vão ao trabalho – colheita de trigo – A mãe e os mais novos de seis e oito anos estão na lida na horta e com os pequenos animais, galinhas, ovelhas, porcos.

Eles dormem juntos, sobre um amontoado de palha, iluminados por velas de sebo e aquecido por uma pequena fogueira no centro do cômodo.

TEMER O DIABO

O dia seguinte – sábado – é o único dia da semana em que a rotina árdua muda um pouco. A família segue o comando dos sinos e vão à missa. Rezam por suas almas e são orientados mais a temer o diabo do que adorar a Deus.

E assim, foi à vida durante dez séculos de 90% dos habitantes do Velho Continente. Visto por eles, a Idade Média foi uma época de contrastes sociais profundos, violência, doenças (a metade das crianças não chegava aos dois anos de idade). Tímido avanço tecnológico, à mercê das intempéries da natureza.

Nesse era longa, de rezas, pão e fuligem, as pessoas mais humildes morriam mais cedo, a média de vida era de 35 anos, os camponeses viviam sob a tutela dos senhores feudais e dos padres.

Já a nobreza construía castelos, cobrava impostos pesados e se alimentava muito bem. Um vestido de uma dama na nobreza equivalia a 280 dias de trabalho de um pobre camponês.

OS MOSTEIROS

Os mosteiros se espalham pela Europa como o grande e único centro do saber.  Em tempos sem imprensa, as bibliotecas dos mosteiros são um instrumento de controle.

As abadias funcionam como abrigo para os desvalidos e para os doentes. A saúde era precária e o saneamento não existia. A ciência médica é rejeitada, e as péssimas condições de higiene fazem aparecer as “pragas” das pestes na Europa.

Os religiosos ditavam as regras de comportamento social. Casamento, procriação, educação e obediência deveriam seguir as regras da Igreja.

Ninguém tinha direito de contestar o padre, nem mesmo em assuntos domésticos, e, principalmente em assuntos sexuais. Porém, nada disso, impedia os religiosos de fazer o que bem queriam. Muitos padres tinham mulheres. Pois o celibato, que proibe padre de casar, só se tornou obrigatório a partir do século 12, e mesmo assim, demorou décadas para ser plenamente aceito.

A EDUCAÇÃO MEDIEVAL

Philo_mediev

Foi na idade média que os jovens passaram a frequentar as salas de aula para aprender a ler e escrever. As Universidades independentes foram criadas como uma forma de libertar dos poderes das autoridades urbanas.

Paris, Bolonha e Oxford eram umas atrações para os estudantes de todas as partes da Europa. Foram as primeiras Universidades particulares.  O crescimento do saber pode ser explicado pela expansão comercial nas grandes cidades a partir do século XII. Escrever os pedidos dos clientes, controlar as economias, pagar os impostos e registrar as dívidas, principalmente no final da Idade Média, era uma tarefa difícil, para aqueles que não tinham experiência no ramo.

Nas áreas rurais o acesso à escola era escasso. Para os camponeses com melhor condição, o sonho deles era ver seu filho se tornar padre.

Existia uma grande quantidade de escolas, mas elas tinham vida curta. Os professores, em sua maioria, estudantes itinerantes, ainda de formação incompleta, abriam e fechavam escolas de acordo com a necessidade de dinheiro. Às vezes, tanto na cidade quanto no campo, eles se contentavam com um contrato relativo às crianças de uma mesma família. As famílias ricas e de nobreza, contrata o mesmo professor por vários anos.

Além das escolas particulares de vida efêmera, os grandes mosteiros ofereciam dois tipos de escolas. Uma aberta para o público em geral, para as crianças que não seguiriam a vida religiosa. A outra exclusiva para os noviços a ser padre.

RICOS ESTUDAM – POBRES TRABALHAM

O ensino primário terminava mais ou menos aos 10 anos de idade. Trocava-se então a escola pelo colégio. Havia poucos alunos em sala de aula, no máximo 12. Isto porque, a maioria delas estava trabalhando no campo com seus pais. Só os ricos podiam deixar os filhos nas escolas por muito tempo.

A educação compreendia ler e escrever, as orações católicas que todo aluno deveria saber de cor antes de completar 12 anos. Além do alfabeto, e das três orações, havia o catecismo.

AS UNIVERSIDADES

Laurentius_de_Voltolina_001

Entre o início do século XIII e o fim do XV, aproximadamente 60 universidades abriram suas portas na Europa.

Esse movimento, que surgiu no século XIII, com as Universidades de Paris e Bolonha, tem suas raízes no Renascimento do século XII. Em Bolonha, na Itália, a Universidade contou muito com o apoio dos papas. Entretanto, o processo evolutivo foi afirmando a independência em relação às autoridades civil e eclesiástica, passando a massa universitária a ter um papel maior na própria universidade livre.

O nascimento da Universidade de Paris aparece também como resultado de um processo lento, tendo suas raízes no fim do século XIII, com o apoio do Rei Filipe Augusto (1180-1223) e da Igreja Católica.

O DIREITO DE GREVE

A população universitária adquire com o tempo forte posição social e política. Entre os numerosos meios e pressão que utilizava para ser reconhecida, a greve era um recurso habitual. A suspensão dos cursos e ás vezes até a transferência de uma cidade em favor de outra eram feitos para conseguir suas reivindicações.

Essas conquistas de direitos ampliaram ainda mais a influência da universidade na sociedade, se expandindo por toda Europa, tornando-se assim meio de prestígio para os reis e os poderes locais, face os universitários participarem em massa dos cursos dos Reis e dos Papas.

A POLÍTICA

As cidades conquistam autonomia. O ritmo e a escala do desenvolvimento das cidades variavam muito de região para região, de cidade para cidade. Algumas comunas da região de Flandres (norte da Bélgica) ou da Itália se tornaram rapidamente grandes potências políticas.

As cartas de franquia – documento concedido pelos reis – reconhecendo o papel dos cidadãos na sociedade e outorgando a isenção de impostos, que começaram a ser emitidas no final do século X, eram tidas como concessões espontâneas, fruto da liberalidade senhorial.

As cartas de franquia aboliam ou suavizavam os estatutos servis, limitavam tributos e taxas, fixavam regras econômicas e da atividade judiciárias, que resguardavam a comunidade da arbitrariedade dos senhores feudais.

O DIREITO

Algumas concediam às elites o direito de julgar por si mesmas seus próprios conflitos, usando um tribunal formado por escabinos (magistrados) e presidido por um prefeito – chamado de preboste -formando o embrião dos foros da municipalidades. A mais famosa carta de franquia foi emitida pelo Rei Luís VI da França, em 1155, à cidade de Lorris, concedendo aos cidadãos que tivessem boa conduta, o direito de permanecer e viver naquela cidade ou consulado como era de costume da época.

O Prefeito ou preboste e os magistrados eram eleitos pelos cidadãos. Entretanto, antes da metade do século XIV, em quase todas as cidades, a eleição e reeleição era feita pelo sistema de indicação pelas famílias mais influentes da cidade, perpetuando assim seu poder.

Comunas e consulados garantiam também a defesa da cidade. Todos os burgueses (elite dominante), e até os cidadãos com idade para portar armas, serviam ao exército, sob as ordens dos magistrados municipais. Se algum cidadão comum não prestasse o serviço militar- no século XIII- essa obrigação era dispensada mediante uma contribuição financeira, ficava somente na guarda das muralhas e nas ruas da cidade.

ECONOMIA

Na era medieval as contas públicas já tinham as crises com as dívidas. Para acabar com o rombo nos cofres, foram criadas as taxas permanentes, impostos no geral e a figura do contribuinte.

8C8

No reinado de Filipe, o Belo, Rei da França entre 1285 e 1314, ocorreu um aumento  astronômico dos gastos, principalmente militares, dando origem a novas tributações e o aumento de número de contribuintes. Aos poucos, foram criando taxas gerais sobre as vendas e a circulação de mercadorias. O embrião do ICMS.

Os nobres não exerciam comércio e serviam ao rei em suas guerras, por isso escapavam dos impostos. Pagava-se uma taxa por cada casa. As pessoas ligadas a Igreja, assim como os universitários, os estudantes e os professores eram isentos.

HAJA IMPOSTO

Na Europa do final do século XV, embora todos os Estados enfrentassem em diversos graus a revolução do imposto, a cobrança e a facilidade com era arrecadado atingiu seu grande fim e até o dia de hoje é assim. Portanto, ficou definida a cultura fiscal, onde tudo pertencia ao Rei.

OS BANCOS

Entre os séculos XI e XV, começa os primórdios dos bancos atuais. Depósitos, empréstimos, seguros, contabilidade, letras de câmbio, foram às ferramentas essenciais nos primórdios das finanças modernas.

A expansão comercial na Europa trouxe consigo uma nova atividade que ficaria para sempre. Bancos e banqueiros e os fenômenos ligados ao setor, como falências, especulação e quebras, originando as cíclicas crises do sistema capitalista.

Compartilhar:

Deixe uma resposta