A história do Sultão Saladino e a Terceira Cruzada

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Saladin_green_dashinvaineSeu nome verdadeiro era, Salãh ad – Din Yussuf ibn Ayyub, nascido em Tikrit, no atual Iraque em 1138 e falecido na Síria em 1193. Conhecido como Saladino. Em 1176 tornou-se  Sultão do Egito e da Síria, ao obter esse cargo do Califa de Bagdá, Al Mustadi Anácer, da dinastia Abássida.

Saladino, General curdo adepto do islamismo Sunita, tornou-se célebre, entre os cristãos de sua época, por sua conduta conciliadora, tornando-se respeitado pelos cruzados, inclusive, pelo Rei Ricardo I, da Inglaterra  que também se tornou famoso pelo apelido de “Ricardo Coração de Leão”

Sua bravura espalhou-se pela Europa e pelo Oriente Médio, como um célebre exemplo da cavalaria medieval.

De sua linhagem familiar nasceu a dinastia Ayyubida, que prosperou no Sultanato do Egito e da Síria.

AS CRUZADAS

No dia 28 de Novembro do ano de 1095, no Concílio de Clermont na França, o Papa Urbano II, prega aos fiéis as Cruzadas para libertar Jerusalém, que estava em poder dos turcos seldjúcidas, adeptos da religião fundada pelo Profeta Maomé.

A Síria e a Palestina e grande extensão do Oriente Médio Próximo, estavam nas mãos dos turcos desde 1071. Entretanto, os lugares sagrados dos cristãos eram visitados com regularidade por peregrinos ocidentais.

O Santo Sepulcro cristão atraía milhares de peregrinos. Sob o controle dos turcos islâmicos, mantinham-se abertos os albergues dos visitantes cristãos que pagavam tributos aos turcos. Mesmo assim, havia desconfiança e reclamações de maus tratos.

A IGREJA CATÓLICA E AS CRUZADAS

O Papa Urbano II, dizia que a recompensa para quem lutasse nas cruzadas, seria a salvação da alma, e de que todos seriam absolvidos de seus pecados. Os Cavaleiros e os Nobres viram nisso um meio para acumular riquezas, terras e poder.

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Papa Urbano II convoca a Primeira Cruzada. 1095.

Desse modo, a aventura dos cruzados para conquistar Jerusalém, combinava estratégia e esperança para a salvação eterna, mesclado com cobiça e fortuna, risco e remissão dos pecados.

Os efeitos da pregação de Urbano II repercutiu positivamente entre a nobreza feudal de forma avassaladora.

De um lado, os cristãos, e do outro, os islâmicos. Começaria então por longos quatro séculos, as expedições militares com destino à Terra Santa, com a finalidade de reconquistar dos islâmicos os lugares sagrados dos cristãos.

No final das contas, tanto esforço empregado nas cruzadas, não alcançou seus objetivos. Ressultou que,os povos do Oriente é que acabaram oferecendo novos rumos aos ocidentais. As influências da civilização árabe sobre a ocidental acabou se consolidando com as cruzadas.

Para o mundo árabe, as cruzadas não exerceram mudanças de nenhum aspecto, exceto para aumentar as diferenças entre cristãos e muçulmanos.

O ENFRAQUECIMENTO DOS CALIFAS

Os ataques dos primeiros cruzados aconteceram, num momento em que os Califas de Bagdá não tinham condições políticas de liderar uma força para enfrentar os cristãos ocidentais. Havia divergência e muita disputa pelo poder. Então, foi nesse ambiente frágil da soberania do Califado, que aparece a figura do Sultão Saladino.

JERUSALÉM

 Jerusalém era um reino cristão na Palestina. No ano de 1185 o Rei Balduíno IV, morre acometido de lepra ( hanseníase), o trono passa para seu cunhado Guy de Luisignam (francês), que era casado com Sibila, irmã de Balduíno IV.

Enfraquecidos por lutas internas e ataques de muçulmanos, durante os 25 anos após a Segunda Cruzada (1147 a 1149), o reino cristão de Jerusalém, não teve forças para conter o avanço muçulmano na região, tendo desta vez à sua testa, a figura de um grande líder islâmico, o curdo Saladino, Sultão do Egito e da Síria.

A ASCENSÃO DE SALADINO

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Saladin. Cristofano dell’Altissimo (1525-1605)

O Sultão surge num momento em que, o reino cristão de Jerusalém perdia seus vassalos  à medida em que a lepra consumia a saúde do rei Balduíno IV. Saladino preparou seu exército, mas teve paciência de esperar o momento certo para conquistar Jerusalém.

Após a morte de Nur-al-Addin (Noradine) em 1174, Saladino consolidou seu poder na Síria. Entrou em Damasco e foi bem recebido pela população. Enquanto se fortalecia, deixava o reino cristão em paz. Por duas vezes, entre 1170 e 1172, esteve perto de atacar de Jerusalém. Por algumas vezes, impôs derrotas aos exércitos cruzados .

Entretanto, na Batalha de Montgisard ocorrido no dia 25 de Novembro de 1177, foi derrotado pelos exércitos reunidos do Rei Balduíno IV de Jerusalém, Reinaldo de Chântllon e os Cavaleiros Templários. Fazendo com que, retornasse ao Egito para se fortalecer.

REINALDO DE CHÂNTILLON

Saladino e os reinos cristãos na Palestina, fizeram uma trégua em 1178. No ano sequinte, as forças cristãs são derrotadas na Batalha do Vau de Jacó. Os cristãos contra atacam Saladino, com os Templários de Reinaldo de Chântillon, atacando as rotas de comércio marítimo no mar vermelho, pilhando portos muçulmanos e peregrinos em caravanas.

Saladino mandou construir 30 navios para atacar Beirute. Reinaldo de Chântillon ameaçou atacar Meca e Medina(A Cidade do Profeta). Em resposta Saladino cercou a fortaleza de Al Karak em 1183, que estava em poder de Reinaldo.

Reinaldo de Chântillon, respondeu atacando e saqueando uma caravana de peregrinos muçulmanos que viajava entre o Cairo e Damasco, quebrando a trégua que existia entre Saladino e o Rei Balduíno IV de Jerusalém.

No ano sequinte, Saladino mando uma guarda para escoltar sua irmã e o filho dela, que voltavam de uma peregrinação a Meca, na Arábia. Alguns historiadores, relataram que nessa caravana estava a irmã de Saladino, e que ela foi sequestrada  por Reinaldo de Chântillon. Porém, esses fatos não são confirmados pelos árabes.

SALADINO UNIFICA OS MUÇULMANOS

A ameaça de Reinaldo de atacar os lugares sagrados da religião islâmica,Meca e Medina(A Cidade do Profeta)  teve como consequência imediata, a união de forças do mundo muçulmano.

O Rei Guy (Guido) de Luisignam de Jerusalém,  chegou a desautorizar Reinaldo de fazer ataques contra muçulmanos, na tentativa de conter o avanço de  Saladino,que já era visto como certo. Porém, Reinaldo respondeu que,”Era senhor de suas terras e que não fazia acordo de paz com muçulmanos”. Por seu lado, o Sultão fez um juramento fatal contra Reinaldo. A sorte estava lançada.

QUEM ERA REINALDO DE CHÂNTILLON

Foi um cavaleiro francês, originário de Chântillon-Sur-Marne, da Província de Champagne. Serviu na Segunda Cruzada ( 1147-1149) e permaneceu no Oriente, tornando-se Príncipe de Antióquia (reino cristão) na Turquia.

Era um mercenário a serviço de quem lhe pagasse mais. Em 1155, acusou o Imperador Manuel I de Bizâncio ( Constantinopla) na Turquia de lhe dever grande soma em dinheiro, pelos seus serviços militares contra o Príncipe Teodoro II da Armênia. Para sufocar mais a cobrança, ameaçou atacar a Ilha de Chipre, que na época pertencia ao Império Bizantino.

Em Antióquia (reino cristão), prendeu e torturou o Patriarca (líder religioso) Amarilco de Limoges. Despido e com suas feridas cobertas com mel, foi colocado na entrada da cidade até sofrer à exaustão. Com isso, conseguiu dinheiro para financiar sua expedição militar contra os próprios Bizantinos.

Aliou-se depois ao seu ex-inimigo Teodoro II da Armênia, que queria vingar-se dos Bizantinos. Assim, Reinaldo e Teodoro II, derrotaram os Bizantinos da Ilha de Chipre.

Sua vitória foi marcada pelo terror aos cipriotas. Os campos agrícolas foram incendiados, soldados mortos, igrejas, palácios e conventos pilhados e incendiados, mulheres estupradas, velhos e crianças degoladas, os homens ricos foram presos para pagarem resgates.

Para completar a sua maldade, antes de sair de Chipre levando tudo o que podia. Reinaldo mandou reunir todos os padres e monges gregos, ordenando que cortassem os narizes deles e enviassem ao Patriarca de Bizâncio (Constantinopla).

Em 26 de Novembro de 1160, cinco anos depois do massacre da Ilha de Chipre, Reinaldo de Chântillon foi capturado pelos muçulmanos, quando  atacava e pilhava os sírios e armênios. Ficou aprisionado por Nur-al-ad-Din (Noradine), por 16 anos  em Aleppo na Siria.

Uns dizem que foi libertado numa troca de prisioneiros. Outros, dizem que foi solto mediante um grande resgate. Mas, não se sabe o certo.

Entretanto, a história que ainda estava para ser contada, não perdoaria o destino que estava reservado para Reinaldo de Chântillon.

O terror de Reinaldo, causou indignação no mundo daquela da época. Rapidamente sua fama se espalhou, tornando-se odiado pelos muçulmanos de Allepo na Síria e pelos cristãos.

Foi libertado em 1176, por As-Salih-Ismail- Al-Malik, filho de Noradine.Uns dizem que foi trocado por prisioneiros. Outros dizem que pagou um bom resgate. Mas, a história que ainda estava para ser contada, não perdoaria o destino que esta reservado para Reinaldo de Chântillon.

A ESTRATÉGIA MILITAR DO SULTÃO

A  promessa de Reinaldo de Chântillon de invadir Meca e Medina, santuários islâmicos, uniu as potências muçulmanas em torno de Saladino, numa jihad, ou guerra santa, contra os infiéis. Saladino e suas tropas de coalisão,se concentraram nos entornos das montanhas de Hattin ao norte da Palestina.Para fazer um reconhecimento do que ía enfrentar, o Sultão mandou uma força composta por 7.000  cavaleiros, sob salvo conduto.

Em resposta, as tropas cristãs, formadas por Templários e Hospitalários( Ordens religiosas militares) atacam a expedição. Entretanto, a força expedicionária de Saladino esmagou os cristãos. Com isso, estava declarada a guerra.

A BATALHA DE HATTIN

Os sobreviventes do exército cristão, convenceram o Rei Guy (Guido) de Lusignam,herdeiro do trono de Jerusalém, que deveria atacar Saladino para vingar a derrota.Persuadido por seus aliados, deixou as muralhas de Jerusalém e marchou para combater o exército de Saladino.As tropas dos cristãos eram compostas pelos exércitos de Guido de Lusignam, do Rei Raimundo III de Trípoli , e dos Templários sob o comando de Reinaldo de Chântillon.

O DIA 4 DE JULHO 1187

As tropas cristãs eram numerosas e bem preparadas. Mas o exército de Saladino era acostumado na luta e nas agruras do deserto. Além de conhecedor de cada palmo de terra da Palestina. Estrategicamente, Saladino posicionou suas tropas nas proximidades das montanhas de Hattin e esperou o inimigo cair numa armadilha. E caiu mesmo.

Ao amanhecer do dia 4 de Julho do ano de 1187, foi travada a Batalha que definiu os rumos da história entre muçulmanos e cristãos.

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A batalha de Hattin

O Sultão encurralou as tropas cristãs contra as montanhas, conhecidas como (Chifres de Hattin). Cortou as linhas de suprimentos e aniquilou as tropas inimigas. Sem água para beber e sem forças para reagir, os cristãos se renderam ao Sultão.

A  Batalha de Hattin, foi um desastre completo para os cruzados e uma reviravolta na história das Cruzadas.Era grande a quantidade de prisioneiros, dentre os quais o Rei Guy (Guido) de Lusignam e Reinaldo de Chântillon.

Guido e Reinaldo, derrotados e com sede, foram conduzidos a presença do Sultão, ocasião em que o Rei Guido depõe as armas aos pés de Saladino.

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Os cruzados se rendem perante o Sultão Saladino

Segundo o cronista árabe, Imad-ad –Din-al-Isfahani: “O Sultão Saladino convidou o Rei (Guido) a sentar-se ao seu lado, e quando Arnat(Reinaldo) por  sua vez entrou, sentou-se  ao lado de seu Rei(Guido). E foi então, que  o Sultão lembrou-o de suas más ações. “Quantas vezes vós fizestes uma promessa e a violaste? Quantas vezes assinastes acordos que nunca respeitastes?” Reinaldo respondeu através de um tradutor. “os reis sempre agiram assim,eu não fiz nada mais”.

Durante isto o Rei Guido, com bastante sede tremia de medo. Saladino disse-lhe palavras tranquilizadoras e mandou trazer água, que lhe ofereceu. O rei bebeu, depois passou o restante para Reinaldo, que então saciou sua sede.Saladino então disse a Guido.”Não pedistes permissão antes de dardes água. Deste modo, não sou obrigado a conceder-lhe misericórdia”.

Depois de dizer isso, o Sultão montou no seu cavalo e deixou os prisioneiros apavorados. Supervisionou o regresso das tropas e depois se recolheu à sua tenda ordenou que lhe trouxessem Reinaldo de Chântillon, então de espada em punho decepou-lhe a cabeça. Mandou levar o corpo até o Rei Guido que começou a tremer. Daí Saladino falou a Guido: “Este homem só foi morto por causa de sua maleficência e perfídia.”

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A morte de Reinaldo de Châtillon

Saladino tinha o costume de conceder misericórdia aos vencidos. Mas desta vez, todos os prisioneiros das ordens militares foram decapitados pelos Sufis, equivalentes muçulmanos

aos Templários. Foram poupados os hospitalários. Enquanto que para Guido de Lousignam, o Sultão poupou sua vida, sendo conduzido a Damasco, onde ficou preso por  algum tempo, até ser libertado.

SALADINO CHEGA EM JERUSALÉM.

Após a batalha de Hattin, Saladino já havia tomado quase todos os reinos cristãos na Palestina.

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E no dia 2 de Outubro de 1187, após um cerco ele entrou em Jerusalém.

A resistência da cidade ficou a cargo de Balian de Ibelin (Balião).Que ameaçou matar todos os muçulmanos da cidade, estimado em três e cinco mil pessoas, além de incendiar Jerusalém e destruir a Mesquita de Al-Aqsa e a Cúpula da Rocha, templos sagrados dos muçulmanos.

Inicialmente, Saladino não queria ceder, mas ao ouvir seus Conselheiros, aceitou libertar os cruzados que ainda restavam em Jerusalém. Embora tenha estipulado um resgate, não mais exigiu pagamento para quase  oito mil pessoas.

Ao contrário do massacre dos cristãos  aos habitantes muçulmanos durante a Primeira Cruzada(1096-1099). O Sultão Saladino concedeu liberdade aos cristãos civis. Mandou colocar guardas nos locais de adoração cristã, principalmente no Santo Sepulcro.

Mandou restaurar e lavar as paredes com água de rosas, e tornou a Mesquita de Al-Aqsa (Mesquita de Omar), novamente um Templo da religião Islâmica

A TERCEIRA CRUZADA

Em 1187 ao saber da  vitória  e da conquista de Jerusalém pelo Sultão Saladino, o Papa Gregório VIII conclamou a Terceira Cruzada na Dieta de Worms em 1188..

A Terceira Cruzada, ocorrida entre 1189 e 1192, foi uma resposta da cristandade européia a queda de Jerusalém pelo líder muçulmano Saladino.Os comandantes da Terceira Cruzada foram os Reis, Ricardo I, da Inglaterra, Felipe Augusto, da França, e Frederico Barbaroxa do Sacro Império Românico e Germânico.

Atendendo ao chamado do Papa Gregório  VIII, colocaram-se como protetores da chamada “ Cruzada dos Reis”. Os europeus, criaram para financiar a cruzada, o chamado “Dízimo de Saladino”, cobrado dos cristãos.

FREDERICO BARBA RUIVA

O Imperador Frederico I, apelidado de “Barba ruiva” ou “Barba roxa”, foi o primeiro a partir à frente de um grande exército.Viajando por terra, chegou com facilidade ao território onde hoje é a Turquia.

A MORTE FREDERICO “Barba Ruiva”

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Frederico Barba Ruiva

No dia 10 de junho de 1189, o poderoso exército de Frederico I, preparava-se para transpor o Rio Calicadno (hoje Goksu) para entrar na cidade Selêucia na Turquia. O Imperador seguia na frente com sua guarda pessoal, quando ao atravessar o Rio Calicadno morreu afogado.

Não se sabe ao certo, o que teria acontecido. Especula-se que ele tenha caído do cavalo e não tenha conseguido se levantar por conta do peso da sua armadura.É possível também que seu cavalo tenha entrado em uma parte funda do rio e o Rei tenha se afogado.

O certo é que quando seu exército chegou, o seu corpo já estava resgatado e estendido na margem do rio.

A morte do grande Imperdor foi um duro golpe para os interesses dos cruzados. As tropas de “Barba roxa” se dispersaram. Apenas o Duque de Suábia, filho do Imperador prosseguiu a viagem à Terra Santa.

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A morte de Frederico Barba Ruiva

Entretanto, o próprio Duque adoeceu e permaneceu na cidade de Sicília. Seu exército prosseguiu, sofrendo ataques com grandes perdas. Chegaram a Antióquia no dia 21 de junho de 1189, com um pequeno exército.

 

A CHEGADA DE FRANCESES E INGLESES

Os franceses e ingleses chegaram por via marítima em 1191. Sob o comando do Rei Felipe Augusto os franceses  chegaram  e cercaram a  cidade de Acre na (Galiléia). As forças dos ingleses do Rei Ricardo I, conhecido como “Ricardo Coração de Leão”, desembarcaram dois meses depois e conquistaram a Ilha de Chipre. Logo em sequida se juntaram aos franceses na conquista de Acre.

O CERCO DE ACRE

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A rendição de Acre ao Rei Felipe Augusto da França

O Rei Guido de Lusignam, que havia sido libertado pelo Sultão Saladino, reuniu o que restou de suas tropas e iniciou um cerco a cidade portuária de Acre no dia 28 de Agosto de 1189.Em seguida grandes contingentes de cruzados europeus chegaram para contribuir no cerco de Acre, que a partir daí ficou bloqueada por terra.

Ante a poderosa máquina de guerra de Felipe Augusto e de Ricardo I, os muçulmanos foram derrotados e Acre conquistada, no dia 12 de julho de 1191.

RICARDO I CORAÇÃO DE LEÃO

5833684493Ricardo I, chegou a cidade de Acre com seu exército, dois meses depois da queda de Jerusalém para Saladino. Embora vitoriosos, a conquista de Acre foi penosa  e umas das mais violentas das cruzadas.

Ricardo I, ficou conhecido na história como (Ricardo Coração de Leão). Muito embora tenha mandado executar milhares de muçulmanos, incluindo mulheres e crianças, a começar pela tomada de Acre.

Como demorou dois meses para chegar à Palestina, deu tempo suficiente para Saladino reforçar suas defesas em Jerusalém.Com isso, o Sultão manteve-se seguro, além de deixar aberta sua estrada para o Egito. E para impedir o avanço de Ricardo I, demoliu a próspera cidade de Ascalão. Desse modo, Ricardo I se contentou em conquistar a cidade de Java (atual Tel-Aviv), onde seus soldados gostaram e aproveitaram a vida confortável, com fartura de alimentos, frutas frescas e navios trazendo víveres em abundância. Além de prostitutas da cidade de Acre.

As tropas do Sultão mantiveram-se à distância, enquanto reinava a paz velada. Parecendo uma guerra fria.

MOTIM E REVOLTA

Entretanto, nem tudo era paz e tranquilidade em Java. O exército de Ricardo I foi tomado pela indisciplina. Muitos soldados desertaram para a cidade de Acre. A indolência tomava conta dos amotinados. Ricardo I começava a se fragilizar.

Para convencer seus soldados retornarem de Acre,mandou o Rei Guido de Lusignam.  Não deu certo. Ricardo teve que ir pessoalmente trazer seus soldados.  A situação política de Ricardo estremeceu quando os cristãos de Chipre se rebelaram. Sendo preciso vender a Ilha para os Templários. Por outro lado, o Rei Ricardo I desconfiava do retorno de Felipe Augusto à França, pois percebia que ele poderia retomar as desavenças entre França e Inglaterra.

RICARDO CORACÃO DE LEÃO X SULTÃO SALADINO

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Ricardo Coração de Leão

Esse duelo nunca aconteceu. Apesar da literatura da época tê-los retratado num combate imaginário. Na verdade, aconteceu um combate, na batalha de Arsuf ,no dia 7 de Setembro de 1191, onde as forças de Saladino perderam.

Nesse confronto, talvez o único entre Ricardo e Saladino, ocorreu um fato curioso. Saladino não estava pessoalmente no combate. Somente estava o Rei Ricardo I, que foi atingido na peleja.

Ao saber que o Rei Ricardo I estava ferido, o Sultão ofereceu seu médico particular para tratar dos ferimentos de Ricardo. Nessa mesma batalha, Ricardo perdeu seu cavalo pessoal. Saladino mandou-lhe dois cavalos árabes. Mandou também alimentos e frutas.

A relação entre Saladino e Ricardo era de respeito mútuo, assim como também se respeitavam na rivalidade militar.

Ambos celebrados em romances cortesãos ocasionaram um gesto inesperado, O Rei Ricardo I chegou a sugerir que sua irmã, poderia casar com o irmão de Saladino. Al-Adil, mas não se sabe se houve casamento.

O GRANDE ACORDO DE PAZ

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O duelo imaginário entre Saladino e Ricardo

Ricardo I e Saladino foram guerreiros na mesma altura. Mesmo sendo inimigos trocavam presentes e honrarias. O Rei Ricardo propôs então começar  as negociações com Saladino que por sua vez respondeu ao Rei Ricardo, mandando seu irmão Al- Adil como embaixador. Começava, assim, naqueles distantes tempos a diplomacia.

 

O TRATADO DE RAMLA ( O primeiro entre  europeus e árabes)

Em 1192, esse Tratado definia a paz entre os Cristãos de Ricardo e os muçulmanos de Saladino. O acordo fazia concessões aos cristãos e reconhecia  o poder do Sultão e a soberania sobre Jerusalém.

Para os europeus o Tratado previa a autoridade sobre os territórios que haviam conquistado na Palestina. Os cristãos poderiam fazer a peregrinação a Terra Santa de Jerusalém, desde que desarmados. Isso, é o que hoje poderíamos chamar de “Coexistência Pacífica”.

Desse modo, mesmo não tendo conseguido dominar Jerusalém, a Terceira Cruzada assegurou a presença dos cristãos europeus no Oriente Médio. Esse Tratado,bem que poderia ser lembrado pelo Mundo conturbado em que vivemos atualmente.

O RETORNO DE RICARDO I A INGLATERRA

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Ricardo Retorna á Inglaterra

Selada a paz, o Rei Ricardo deixa a Palestina e embarca com destino à sua terra. A viagem foi acidentada. Seu navio naufragou e ele foi feito prisioneiro por piratas do Mediterrâneo. Libertado mediante resgate, chegou a Inglaterra que passava por crises políticas.

Ricardo para salvar seu trono, teve que combater seu próprio irmão e o Rei da França Felipe Augusto.Porém,  Na batalha de Châlus, no ano de 1199, atingido por uma flecha, morre aos 42 anos de idade o Rei Ricardo I .

A MORTE DO SULTÃO SALADINO

Considerado o vencedor da Terceira Cruzada, Saladino se tornou herói de um ciclo de lendas e histórias  medievais, que percorreram a Europa e o  Oriente Médio. Seus feitos e bravuras são lembrados e cultuados até hoje pelos povos muçulmanos.

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O Mausoléu de Saladino em Damasco na Síria.

Grande protetor da cultura islâmica, além de admirável militar, foi um excelente homem público, ordenou a construção da cidade do Cairo, além de outros monumentos de importância para a cultura Islâmica.

O Sultão Saladino, faleceu de morte natural no dia 4 de Março do ano de 1193, aos 55 anos de idade, em Damasco na Síria.

A HERANÇA DO SULTÃO

Não há fontes seguras, mas quando foi aberto o tesouro de Saladino, não  havia dinheiro bastante para custear seu funeral, condicente com a sua importância. Vez que ele havia doado a sua fortuna aos pobres.

História parecida, conta um dos companheiros do Profeta Maomé, por nome de Amr Ibn Al Harret: “Que, quando o Profeta morreu, ele não deixou nem dinheiro e nem qualquer outra coisa, exceto sua mula branca, sua arma, e seu pedaço de terra que deixou como caridade”.

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